segunda-feira, 16 de junho de 2014

ARTIGO - SERES CÍBRIDOS E AS WEBSÉRIES: TENDÊNCIAS E POSSIBILIDADES DE MERCADO PARA O AUDIOVISUAL NA INTERNET


A internet está definitivamente integrada no nosso dia-a-adia. O que você talvez não saiba é que quanto mais consumimos serviços e produtos na rede, tornamo-nos “seres cíbridos”... Isso mesmo! C-I-B-R-I-D-O-S. Mas afinal, o que iss tem haver com as webséries? Bem, eu explico. A expressão “Cíbridos” foi cunhada pela junção dos termos “Cyber” e “Híbrido” e que foi primeiramente utilizada pelo arquiteto Peter Anders, buscando compreender a extensão da nossa consciência. Para ele, através do cibridismo podemos habitar dois mundos simultaneamente. E é exatamente isso que vivemos hoje, afinal, nos dias atuais, podemos dizer que nosso corpo biológico está completamente "integrado" nas plataformas digitais, misturando as vidas “on” e “off line. E é exatamente aí que entram as webséries.

Apesar da vida “off-line” ainda ser muito presente nos hábitos dos nossos espectadores, de acrodo como IBOPE cerca de 65% assistem TV diariamente e 97% de cobertura no território nacional, sem dúvida há um mercado gigantesco a ser conquistado pelos realizadores de vídeos para internet. O desafio aqui é entender que a TV não irá acabar. Ou melhor, o que não vai acabar é o hábito de sentar à frente um aparelho televisor e assistir a conteúdos audiovisuais. O que vai mudar na verdade é que a velha caixa mágica irá adaptar-se e abrir espaço para os produtores independentes exibirem seus produtos no conforto das salas dos agora chamados “webespectadores”, abrindo franca concorrência com os conteúdos veiculados pela TV Aberta e mais, cruzauma longa e sinuosa ponte levando um conteúdo “on-line” para um hábito de consumo “off-line”, integrando-se definitivamente na vida de todos. Este é o ponto.
Para ajudar os prodtores independentes a tabalhar melhor este cenário, o portal Webseriados.com realizou uma pesquisa com seus consumidores para entender como funcionam seus hábitos e comportamentos e descobriu importantes informações sobre este novo mercado.
Decobriu-se que o formato websérie está bem difundido entre os internautas e 92% dos entrevistados declarou que conhece ou já viu alguma e destes, 68% são homens, sendo que 76% se concentra na região sudeste do país e dentre eles, 28% (a maioria) tem entre 26 e 30 anos. Do total de entrevistados, 77% assiste a vídeos pela internet ao menos uma vez por dia e 42% já utiliza algum tipo de serviço pago de video sob demanda como o netflix.
Sobre o que preferem assistir na rede, 23% revelou que gosta de séries, 21% filmes, 14% músicas, 11% vídeos amadores ou caseiros, 10% documentário, 8% preferem videos de jornalismo e outros 8% preferem videos de entretenimento como os veiculados na aberta.
Já quando questionados sobre os gêneros preferidos, houve uma relativa aproximação entre os números, ficando na frente a comédia com 18% e o drama, a ação e o suspense com 16% cada um, mostrando toda a pluraridade da rede quando se trata de nichos de mercado. A preferência por vídeos longos também se mostrou um forte tendência sendo que 40% assistem videos com 8 minutos ou mais e apenas 5 % preferem vídeos com até 3 minutos.
Sobre como o webespectador gosta de consumir os vídeos, 51% assiste pelos dispositivos tradicionais como o notebook e o desktop contra 34% que prefere os dispositivos móveis como o smartphone e o tablet. Já a TV conectada representa apenas 14% da preferência. Mas este último número tende a melhorar bastente nos próximos anos. Fato comprovado pelas apostas das indústrias de eletrônicos que cada vez mais aprimoram formato TV conectada, trabalhando duro para melhorar a navegabilidade em seus aparelhos, um dos principais pontos de rejeição. Além disso, 60% prefere assistir a noite e 66% em casa, sendo que 13% assistem em horário de trabalho e 10% em atividades cotidianas. Aqui cabe uma pequena reflexão. Estes números mostram que há uma forte tendência dos consumidores em trocar a programação da TV, seja ela aberta ou fechada, pelo conteúdo que é distribuído pela internet bem no chamado “horário nobre da televisão” que compreende a faixa noturna da grade de programação.
Já em termos de comercialização o horizonte de quem pretende viver apenas dos vídeos para internet parce ainda um pouco distante do ideal. Não há no mercado um formato de monetização estabelecido e que seja vantajoso para quem cria e produz as séries. Dos entrevistados, 87% preferem assistir através das redes sociais como Youtube e Facebook. Há também uma grande rejeição com relação às propagandas veiculadas no início dos vídeos. 35% disse que nunca clica nas propagandas, 63% disse que raramente clica e apenas 2% disse se interessar por estes anúncios. Mesmo assim o formato de propaganda em video é o preferido sendo escolhido por 47% dos entrevistas quando comparado com os banners tradicionais ou os famosos “Pop-ups”. Por fim 49% preferir que seja colocado o anúncio no início do vídeo sendo os tempos máximos de duração mais citados: 7, 10 e 15 segundos.
Ainda na mesma pesquisa, os entrevistados tiveram a oportunidade de se expressar livremente sobre o que eles pensam sobre o formato webséries e as respostas foram sempre positivas, como estas que separamos por representar a maioria delas. “É uma excelente mídia, principalmente pela interação que gera”. “Excelente proposta! Eu particularmente 'quase nunca' assisto a programação da tv aberta, migrei para o conteúdo online a muito tempo”. “Me interessa muito, acho que o grande diferencial do formato é que permite a interação, uma vez que depende do público espectador para ter aprovação e ser difundido pelas redes sociais ou conseguir os recursos para a continuidade da produção muitas vezes”. “As webséries são produções 'customizadas' e as pessoas agora têm a direito de escolher o que quer e o que é bom para assistir”.
Em meio a este cenário, é preciso levar em consideração algumas tendências que a mobilidade conectada está tornando realidade em nossas vidas antes de pensamros em projetos audiovisuais voltados para internet. O importante é evidenciar que não estamos mais lidando com o comportamento antigo do público que antes ficava apenas passivo diante da TV e o único poder que tinha em mãos era o do controle remoto. Hoje, além do poder de silmplesmente trocar de canal o webespectador pode compartilhar suas impressões e influenciar um sem número de outras pessoas. Então preste atenção neste pontos:
  • Entendamos aqui que o termo internet é o meio onde estes produtos são transmitidos, sendo eles veiculados em todo e qualquer dispositivo que tenha conexão com a web, seja ele um smartphone, uma smartTV, ou uma geladeira;
  • A capacidade de tudo acontecer em tempo real, com atualizações instantâneas de tudo, sobre todos e a qualquer momento, tornando a internet uma fonte quase inesgotável de qualquer conhecimento e a opção número um quando precisamos de qualquer coisa. O problema aqui é a credibilidade e qualidade das informações;
  • A virtualização do real através de acessórios que nos vestem como o Google Glass, que projeta em nosso mundo real todo o universo antes restrito aos nossos dispositivos;
  • O Transmidia Transitions. O termo pode parecer redundância mas define bem que não é somente a diversidade de plataformas que determinado conteúdo tem mas sim a capacidade dele "socializar-se" entre os usuários através destas plataformas.
Em suma, vivemos o ápice da união entre o mundo on-line e off-line que resultou, de acordo com a pesquisadora Martha Gabriel, no mundo “ONE-line”. Para ela, não somos mais apenas um corpo biológico, mas estamos distribuídos em várias plataformas digitais fragmentadas. E para nós realizadores audiovisuais inseridos neste universo, resta-nos pensar nossos produtos em torno de seis palavras:
  • Conexão;
  • Participação;
  • Personalização;
  • Disponibilidade;
  • Velocidade;
  • Fragmentação;
E lembre-se! Não adianta “empurar um novo hábito” para os consumidores. O segredo é levar um formato novo embalado em um hábito antigo! Pense nisso...


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