quinta-feira, 26 de junho de 2014

COMO SERÁ A TELEVISÃO EM 2025 DE ACORDO COM O NETFLIX




Há alguns dias, um artigo no site da revista Wired publicou uma interessante entrevista com Neil Hunt, executivo da NETFLIX, sobre como a empresa vê o mercado de televisão daqui a 10 anos. A verdade é que hoje gastamos muito tempo navegando através de listas intermináveis de canais em nossos televisores que nem sempre são do nosso interesse. Mas de acordo com Hunt, a NETFLIX vai saber exatamente o que você quer assistir, mesmo antes de você. Parece assustador, não? Mas não é nada demais se comparado ao que o Google faz com nosso cotidiano nos dias atuais. 

E está é apenas uma das muitas previsões para o entretenimento audiovisual que Neil Hunt fez, e vindo do NETFLIX, ninguém ficaria surpreso se tudo o que ele disse vir a ser concretizado mesmo antes de 2025. Afinal, se há uma empresa que sabe sobre como alterar a nossa forma de assistir programas de TV, séries e filmes, é NETFLIX. Desde suas origens humildes como uma locadora de DVD pelo correio por volta de 1997 até chegar em seu status atual como uma potência de streaming de vídeo, a NETFLIX já derrubou muitos conceitos mais de uma vez.

Enquanto os gigantes da internet como AMAZON, YAHOO e GOOGLE patinam em suas estratégias para concorrer com o NETFLIX, a empresa de videos sob demanda coloca uma pluga atrás das orelhas das emissoras tradicionais que não sabem mais o que fazer para proteger o seu velho modelo de negócios. Hunt tem uma visão clara de como a guerra por nossa atenção vai acontecer nos próximos 10 anos e ele contou à WIRED como será. Aqui estão algumas de suas previsões:

O canal certo para cada um!

As pessoas tradicionalmente assistem aos canais que estão mais alinhados com seus interesses. Gosta de notícia? Então a CNN pode ser o canal para você. Se é a programação infantil que você quer, Nickelodeon pode ser a resposta. Mas no entanto, nenhum desses canais consegue agradar 100 por cento de suas audiências já que apesar de gostarem de um determinado gênero, eles têm hábitos diferentes. Uns gostam de notícias sobre economia, outros sobre entretenimento; há quem goste de desenhos no estilo anime e outros que gostem de bichinhos delicados.

De acordo com Hunt, isso vai mudar com a chegada da TV integrada à internet. Ele afirma em sua entrevista para a WIRED que a Netflix está agora trabalhando para aperfeiçoar sua tecnologia de personalização ao ponto onde os usuários não terão que escolher o que querem assistir. Em vez disso, o mecanismo de recomendação será tão afinado que ele vai mostrar aos usuários "sugestões que se encaixam perfeitamente o que quer assistir agora." 

"Acho que essa visão é possível", disse Hunt. "Percorremos um longo caminho em direção a ele, e agora que estamos próximos temos outros desafios a superar". Ele ainda disse que a empresa agora está dedicando tanto tempo e energia para a construção da tecnologia de personalização de conteúdo quanto colocou em construir a infra-estrutura para entregar esse conteúdo em primeiro lugar.

Liberdade criativa!

Mas você pode estar pensando como essa personalização de conteúdo se dará dentro de um gigantesco catálogo como o do Netflix. Hunt pensa assim: "Há muitos shows com pequenas, mas dedicadas audiências. E com o motor de personalização do Netflix tornando-se mais esperto e inteligente, será mais fácil para as pequenas audiências descobrirem novos conteúdos que antes se perdiam em meio a tantos outros. Isso vai dar aos cineastas e atores, tanto os profissionais consagrados quanto os independentes, mais liberdade criativa, já que eles vão finalmente ter um canal de distribuição que irá tolerar pequenas audiências, altamente individualizados.”

E ele continua: “TV integrada à Internet pode se dar ao luxo de levar esses pequenos shows", acrescentando que esta abordagem já permitiu visibilidade a centenas que produtos que não teriam espaço em televisão tradicional. The Square, um documentário sobre as revoltas árabes na Praça Tahrir, é um exemplo. 

TV integrada à Internet também dá aos produtores liberdade frente aos formatos tradicionais. Hunt disse que “Na internet, um episódio de televisão pode ser tão longo ou tão curto quanto você quiser, e o espcetador não tem que esperar até a próxima semana para ver um novo episódio porque pode ir direito para o próximo, como se fosse um grande filme". 

Pode ser que no início o público tenha um pouco de dificuldade porque já está acostumado com os formatos tradicionais de TV e eventualmente pode até mesmo não econhecer-los como “programas de TV”. A realidade é que as estórias que assistimos hoje serão diferentes das estórias que serão assistidas em 2025. As formas de visualização e interação vão ialterar nosso cotidiano.

O comercial finalmente vai morrer?

É bem verdade que a Netflix já provou que é possível construir um grande negócio de televisão sem anunciantes. Assinaturas mensais a baixo custo parecem ser o caminho. Isso significa que a proliferação de TVs pela internet pode ser o último prego no caixão da publicidae tradicional já que isso mudará toda a economia da indústria da publicidade ao longo da próxima década. Os canais tradicionais, agências de publicidade e anunciantes terão que se reinventar e rápido! Hunt explicou que "O modelo livre de anúncios parece ser muito popular entre os consumidores". E completou "Temos que imaginar que os anunciantes terão que encontrar um lugar diferente para anunciar seus produtos em 2025." 

Mas há outra possibilidade. Segundo Hunt, a mesma tecnologia que fornece conteúdo personalizado para os telespectadores também poderia ajudar os provedores de serviço de TV por internet a selecionar anúncios. "Isso significa que os espectadores veriam menos anúncios e anunciantes iriam começar a chegar a um público mais relevante”. 

Esportes ao vivo no Netflix? Talvez... 

Ok... Isso pode não ter sido uma das previsões de Hunt, por si só, mas quando perguntado se poderíamos ver transmissões esportivas ao vivo no NETFLIX no futuro, Hunt disse que deveríamos "ficar atentos..." 

Ele observou que trazer esportes ao vivo para a plataforma iria mudar a economia da empresa. "Não é uma área onde a Netflix tem a vantagem sobre os outros canais." Afirmou o executivo. Mas ele também disse que, como o Netflix tem um perfil inovador, há sempre espaço para novas possibilidades. Tal desenvolvimento seria um golpe ainda mais profundo para a indústria televisiva tradicional, já que a transmissão de esportes ao vivo são uma grande razão para as pessoas não cortarem o cordão umbilical televisivo. 

Todos terão uma Smart TV! 

Hunt disse que em 2014 cerca de 100 milhões de TV conectadas à internet serão vendidos no mundo. E cerca de uma em cada três casas para onde estes aparelhos irão contam com serviço de internet banda larga. E até o ano de 2025, ele acredita que estes erá o padrão e todo mundo vai possuir uma TV inteligente. 

Isso significa que a corrida é já começou e a batalha é enorme! Irá incluir corporações fortes, com as emissoras de TV aberta, as de telefonia, as companhias de cabo, provedores de internet e outros gigantes da tecnologia como Google e Apple, bem como fabricantes de televisores, como Sony e Samsung. Isso deve inaugurar uma era de ouro da inovação no espaço de TV inteligente. Imaginem concorrentes poderosos disputando sua atenção! A popularização de softwares e aplicativos capazes de promover interação entre pessoas e conteúdos e gadgets capazes de transmití-los das mais diversas formas, darão aos realizadores inúmeras oportunidades. No final quem, vai ganhar somos nós consumidores que teremos equipamentos mais baratos e uma oferta de conteúdos mais interessantes. Que venha 2025! 

segunda-feira, 16 de junho de 2014

ARTIGO - SERES CÍBRIDOS E AS WEBSÉRIES: TENDÊNCIAS E POSSIBILIDADES DE MERCADO PARA O AUDIOVISUAL NA INTERNET


A internet está definitivamente integrada no nosso dia-a-adia. O que você talvez não saiba é que quanto mais consumimos serviços e produtos na rede, tornamo-nos “seres cíbridos”... Isso mesmo! C-I-B-R-I-D-O-S. Mas afinal, o que iss tem haver com as webséries? Bem, eu explico. A expressão “Cíbridos” foi cunhada pela junção dos termos “Cyber” e “Híbrido” e que foi primeiramente utilizada pelo arquiteto Peter Anders, buscando compreender a extensão da nossa consciência. Para ele, através do cibridismo podemos habitar dois mundos simultaneamente. E é exatamente isso que vivemos hoje, afinal, nos dias atuais, podemos dizer que nosso corpo biológico está completamente "integrado" nas plataformas digitais, misturando as vidas “on” e “off line. E é exatamente aí que entram as webséries.

Apesar da vida “off-line” ainda ser muito presente nos hábitos dos nossos espectadores, de acrodo como IBOPE cerca de 65% assistem TV diariamente e 97% de cobertura no território nacional, sem dúvida há um mercado gigantesco a ser conquistado pelos realizadores de vídeos para internet. O desafio aqui é entender que a TV não irá acabar. Ou melhor, o que não vai acabar é o hábito de sentar à frente um aparelho televisor e assistir a conteúdos audiovisuais. O que vai mudar na verdade é que a velha caixa mágica irá adaptar-se e abrir espaço para os produtores independentes exibirem seus produtos no conforto das salas dos agora chamados “webespectadores”, abrindo franca concorrência com os conteúdos veiculados pela TV Aberta e mais, cruzauma longa e sinuosa ponte levando um conteúdo “on-line” para um hábito de consumo “off-line”, integrando-se definitivamente na vida de todos. Este é o ponto.
Para ajudar os prodtores independentes a tabalhar melhor este cenário, o portal Webseriados.com realizou uma pesquisa com seus consumidores para entender como funcionam seus hábitos e comportamentos e descobriu importantes informações sobre este novo mercado.
Decobriu-se que o formato websérie está bem difundido entre os internautas e 92% dos entrevistados declarou que conhece ou já viu alguma e destes, 68% são homens, sendo que 76% se concentra na região sudeste do país e dentre eles, 28% (a maioria) tem entre 26 e 30 anos. Do total de entrevistados, 77% assiste a vídeos pela internet ao menos uma vez por dia e 42% já utiliza algum tipo de serviço pago de video sob demanda como o netflix.
Sobre o que preferem assistir na rede, 23% revelou que gosta de séries, 21% filmes, 14% músicas, 11% vídeos amadores ou caseiros, 10% documentário, 8% preferem videos de jornalismo e outros 8% preferem videos de entretenimento como os veiculados na aberta.
Já quando questionados sobre os gêneros preferidos, houve uma relativa aproximação entre os números, ficando na frente a comédia com 18% e o drama, a ação e o suspense com 16% cada um, mostrando toda a pluraridade da rede quando se trata de nichos de mercado. A preferência por vídeos longos também se mostrou um forte tendência sendo que 40% assistem videos com 8 minutos ou mais e apenas 5 % preferem vídeos com até 3 minutos.
Sobre como o webespectador gosta de consumir os vídeos, 51% assiste pelos dispositivos tradicionais como o notebook e o desktop contra 34% que prefere os dispositivos móveis como o smartphone e o tablet. Já a TV conectada representa apenas 14% da preferência. Mas este último número tende a melhorar bastente nos próximos anos. Fato comprovado pelas apostas das indústrias de eletrônicos que cada vez mais aprimoram formato TV conectada, trabalhando duro para melhorar a navegabilidade em seus aparelhos, um dos principais pontos de rejeição. Além disso, 60% prefere assistir a noite e 66% em casa, sendo que 13% assistem em horário de trabalho e 10% em atividades cotidianas. Aqui cabe uma pequena reflexão. Estes números mostram que há uma forte tendência dos consumidores em trocar a programação da TV, seja ela aberta ou fechada, pelo conteúdo que é distribuído pela internet bem no chamado “horário nobre da televisão” que compreende a faixa noturna da grade de programação.
Já em termos de comercialização o horizonte de quem pretende viver apenas dos vídeos para internet parce ainda um pouco distante do ideal. Não há no mercado um formato de monetização estabelecido e que seja vantajoso para quem cria e produz as séries. Dos entrevistados, 87% preferem assistir através das redes sociais como Youtube e Facebook. Há também uma grande rejeição com relação às propagandas veiculadas no início dos vídeos. 35% disse que nunca clica nas propagandas, 63% disse que raramente clica e apenas 2% disse se interessar por estes anúncios. Mesmo assim o formato de propaganda em video é o preferido sendo escolhido por 47% dos entrevistas quando comparado com os banners tradicionais ou os famosos “Pop-ups”. Por fim 49% preferir que seja colocado o anúncio no início do vídeo sendo os tempos máximos de duração mais citados: 7, 10 e 15 segundos.
Ainda na mesma pesquisa, os entrevistados tiveram a oportunidade de se expressar livremente sobre o que eles pensam sobre o formato webséries e as respostas foram sempre positivas, como estas que separamos por representar a maioria delas. “É uma excelente mídia, principalmente pela interação que gera”. “Excelente proposta! Eu particularmente 'quase nunca' assisto a programação da tv aberta, migrei para o conteúdo online a muito tempo”. “Me interessa muito, acho que o grande diferencial do formato é que permite a interação, uma vez que depende do público espectador para ter aprovação e ser difundido pelas redes sociais ou conseguir os recursos para a continuidade da produção muitas vezes”. “As webséries são produções 'customizadas' e as pessoas agora têm a direito de escolher o que quer e o que é bom para assistir”.
Em meio a este cenário, é preciso levar em consideração algumas tendências que a mobilidade conectada está tornando realidade em nossas vidas antes de pensamros em projetos audiovisuais voltados para internet. O importante é evidenciar que não estamos mais lidando com o comportamento antigo do público que antes ficava apenas passivo diante da TV e o único poder que tinha em mãos era o do controle remoto. Hoje, além do poder de silmplesmente trocar de canal o webespectador pode compartilhar suas impressões e influenciar um sem número de outras pessoas. Então preste atenção neste pontos:
  • Entendamos aqui que o termo internet é o meio onde estes produtos são transmitidos, sendo eles veiculados em todo e qualquer dispositivo que tenha conexão com a web, seja ele um smartphone, uma smartTV, ou uma geladeira;
  • A capacidade de tudo acontecer em tempo real, com atualizações instantâneas de tudo, sobre todos e a qualquer momento, tornando a internet uma fonte quase inesgotável de qualquer conhecimento e a opção número um quando precisamos de qualquer coisa. O problema aqui é a credibilidade e qualidade das informações;
  • A virtualização do real através de acessórios que nos vestem como o Google Glass, que projeta em nosso mundo real todo o universo antes restrito aos nossos dispositivos;
  • O Transmidia Transitions. O termo pode parecer redundância mas define bem que não é somente a diversidade de plataformas que determinado conteúdo tem mas sim a capacidade dele "socializar-se" entre os usuários através destas plataformas.
Em suma, vivemos o ápice da união entre o mundo on-line e off-line que resultou, de acordo com a pesquisadora Martha Gabriel, no mundo “ONE-line”. Para ela, não somos mais apenas um corpo biológico, mas estamos distribuídos em várias plataformas digitais fragmentadas. E para nós realizadores audiovisuais inseridos neste universo, resta-nos pensar nossos produtos em torno de seis palavras:
  • Conexão;
  • Participação;
  • Personalização;
  • Disponibilidade;
  • Velocidade;
  • Fragmentação;
E lembre-se! Não adianta “empurar um novo hábito” para os consumidores. O segredo é levar um formato novo embalado em um hábito antigo! Pense nisso...


terça-feira, 10 de junho de 2014

Webséries e o Mercado Nacional

“(...) O futuro é ter a consciência de que, se tudo já é digital, não faz mais sentido pensar num conteúdo como se ainda existissem duas formas de consumo, a digital e a analógica. Devemos pensar os produtos já com a visão de que podem e têm de ser atraentes não importa como serão consumidos.” Com estas palavras Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo, se dirigiu a seus funcionários durante o seu discurso anual de final de ano dando um grande recado para o mercado nacional.

Confirmando o discurso a emissora lançou suas primeiras webséries exclusivas (sem ligação com outro produto da grade televisiva) dentro do seu novo portal de entretenimento chamado Gshow. Ainda sem grandes orçamentos ou presenças de atores do primeiro escalão da emissora, as webséries “ATORmentados” e “A Lei de Murphy” são sim um sinal de que algo está mudando no mercado. No entanto ainda há muito o que fazer como afirmou Erick Bretas, diretor de Mídias Digitais da Globo, sobre o Gshow: “Será um grande laboratório para experimentação de formatos, talentos artísticos e experiências criativas.”



Mas quando tratamos de realizadores independentes, como fica o mercado? Um dos grandes problemas enfrentados hoje é com obter um retorno financeiro para que os trabalhos independentes sejam auto-sustentáveis ao longo do tempo. Na tentativa de responder a esta pergunta, diversas outras aparecem causando grandes incertezas em todos os segmentos da cadeia produtiva. O fato é que cada vez mais os modelos de negócio tendem a serem parecidos com o que hoje é adotado pela televisão. No entanto há uma grande diferença que produtores, agências e anunciantes precisam entender para chegarem a um acordo e tornarem o mercado sustentável. Diferente da TV os índices da internet são mais qualitativos, baseados no tripé audiência-fã-comunidade.

Isto quer dizer que não basta somente observarmos a quantidade de “views” de determinado video, mas sim qual o comportamento deste websespectador que visualizou o conteúdo. Observando desta maneira, um “Viral-Qualquer-Amador” que consegue um milhão de visualizações não necessariamente é uma boa opção de investimento para um anunciante, já que o “valor” do conteúdo que ele está disseminando é baixo e efêmero, não gerando uma identidade com o produto ou serviço anunciado e consequentemente afetando negativamente a imagem da marca diante do seu público.

A medida certa para se criar uma boa websérie que atraia anunciantes está em cruzar um conteúdo relevante, identificado através de demandas do mercado, com uma audiência específica e que busca estabelecer “metas de viralização”. Desta forma você terá dados suficientes para negociar com os seus futuros anunciantes.

Apesar de lermos aqui e acolá diversas matérias falando das maravilhas da internet há diversos outros problemas a serem enfrentados por aqueles que produzem webséries no Brasil e vão além da criação e desenvolvimento de conteúdo de sucesso. O principal deles é uma mudança cultural no hábito de consumo de mídia pelos brasileiros. Sem dúvida evoluímos bastante e a cada ano o brasileiro está mais conectado. No entanto, de acordo com o estudo realizado em outubro de novembro de 2013 e divulgado no mês de março de 2014 pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, diz que nada menos que 97% dos entrevistados afirmaram ver TV diariamente, sendo que apenas 47% têm o hábito de acessar a internet.

Esta distância fica ainda maior quando os entrevistados indicam o seu meio de comunicação preferido: 76,4% preferem a TV, seguido por 13,1% que optam pela internet internet. Mas nem tudo está perdido... A pesquisa, também traz dados que permitem observar uma tendência para os próximos anos. Como em outros países, devemos continuar assistindo também no Brasil a um crescimento da adesão aos meios digitais de comunicação. Entre os mais jovens, na faixa de 16 a 25 anos, a preferência pela TV cai a 70% e a citação à internet sobe a 25%, ficando o rádio com 4% e os demais com menções próximas de 0%.

O problema é que o Brasil enfrenta diversas dificuldades estruturais quando o assunto é a rede mundial de computadores. Ainda de acordo com a pesquisa, enquanto a maioria dos brasileiros (53%) nunca acessa a internet, aproximadamente um quarto da população o faz nos dias da semana e com uma intensidade diária de 3h39. Além disso, os resultados mostram que a maioria dos entrevistas (84%) acessa a internet via computador, seguindo pelo celular (40%) e uma pequena parcela (8%) utiliza tablets.

Diversos fatores influenciaram estes números como por exemplo o alto preço dos tablets e principalmente dos serviços de internet oferecidos tanto pelas operadoras de telefonia como de outras empresas. Sem contar com a baixa qualidade dos serviços e a falta de segurança para utilizarmos um dispositivo móvel nas ruas de nossas cidades.



Mas há um outro ponto importante a se observar. Com o advento dos aparelhos SmartTV (ou tvs inteligentes) teríamos uma grande oportunidade de mercado para os realizadores independentes de webséries, já que teríamos a possibilidade de transmitir diretamente ao nossos consumidores da forma como ele está acostumado: no conforto da sua sala.

Mas novamente há problemas... Apesar de praticamente todas as marcas e modelos terem conexão com a internet, boa parte das pessoas que compram não ativam o produto, seja pela dificuldade de conexão (muitos modelos mais básicos não tem wifi e dependem de cabos que nem sempre são disponíveis), seja pela dificuldade na navegação que é complexa e lenta, além do que o desenvolvimento de aplicativos dependem de uma série de acordos com os fabricantes que nem sempre estão acessíveis aos produtores independentes.


 Diante desta informações, qual será o futuro dos produtores independentes que querem investir no audiovisual para internet? Não há um caminho fácil ou rápido, mas há grandes possibilidades em vista! A transmissão em dispositivos móveis é uma realidade incontestável, mas acredito que cometerá um grande pecado mercadológico aquele que produzir somente para este tipo de dispositivos. É preciso pensar a internet como meio e não como fim. Ela vai apenas transmitir o conteúdo que será exibido em diversas plataformas que serão escolhidas de acordo com a conveniência do nosso websespectador.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Fórum do Audiovisual do Mercosul debate o mercado de webséries





No fim do mês de maio aconteceu em Florianópolis o 18º FAM – Festival Audiovisual do Mercosul. Em meio a uma extensa programação que contou com oficinas, exibições de longas e curtas de toda a América Latina e também uma interessante mostra convidada de filmes turcos, houve um importatne espaço para debates chamado Fórum Audiovisual do Mercosul. Estiveram presentes grandes nomes do cenário cinematográfico nacional para apresentar e debater importantes temas ligados ao audiovisual, dentre eles o novo mercado das webséries.

Estiveram presentes no debate a paulista Caroline Fioratti, da websérie“Botolovers”, sobre a vida de jovens na cidade grande através da história de Nara, Patrick e João Eugênio e que formam um casal triplo; Guto Aeraphe, de “ApocalipZe”, “Heróis”, “Heróis do Fogo” e “Nascido Morto” e também dono do site www.webseriados.com; e do produtor local Gringo Starr, da websérie “Remakers”, e dono de uma escola de atores, a Actoro.

Os participantes da mesa falaram sobre suas experiências, erros, acertos e descobertas neste novo modo de se comunicar com os espectadores. Para o diretor Guto Aeraphe, que trabalha com webséries há cerca de cinco anos, o fundamental é entender que a mudança está na forma como nos relacionamos com as histórias. “É preciso criar uma experiência de entretenimento, envolver o espectador das mais diversas formas”, afirmou o diretor. Já para Caroline, um dos pontos mais interessantes da internet é a liberdade para trabalhar temas que são tabus nas emissoras abertas e também o tipo de relacionamento que se cria com a audiência que se tornam mais que fãs. Ainda de acordo com da diretora, isso cria oportunidades mercadológicas muito interessantes como o licenciamento de marcas e produtos relacionados às webséries.


O produtor local Gringo Starr, da websérie Remakers, falou sobre a dificuldade de se produzir de maneira independente e também da falta de reconhecimento do formato. O ator e diretor reforçou que tanto o mercado como o público ainda vê o formato de webséries como algo menor do que os produtos feitos para TV e cinema, o que de acordo com ele é um grande equívoco já que só por que um produto não conta com atores famosos não quer dizer que ele não tenha potencial de investimento e audiência. “O importante é fazer um bom produto que atenda aos desejos do público”, afirma o diretor.

Este ponto foi reforçado pelo diretor Guto Aeraphe que acredita em uma inversão de valores. A audiência da TV ao vivo está caindo, enquanto o consumo audiovisual na internet cresce. Por isso, é preciso deixar os conceitos analógicos como grade de programação, a relação unilateral e transmissão em um único aparelho para abraçar os conceitos digitais: TV em qualquer lugar, uso da segunda tela, variedade de conteúdo e poder da audiência. Tudo isso nos leva a uma nova forma de pensar histórias. As narrativas transmídias, que prezarem pela interação com o leitor, terão mais sucesso. “O audiovisual é - e será - o meio mais consumido. E ele vai além da tela”, concluiu Guto.


O público presente, em sua maioria formado por produtores de televisão e cinema, foi uníssono em suas questões. A grande dúvida era saber como tornar uma websérie um produto rentável ou mesmo auto sustentável para seus realizadores. Um concenso entre os participantes da mesa é de que a monetização do Youtube não é o melhor caminho, já que o portal da Google paga muito pouco pelas visualizações e é preciso ter números gigantescos para se ter alguma remuneração interessante. Além do mais o portal não diferencia, em termos de monetização, o canal que investe em qualidade técnica, atores e equipe daqueles que simplestemente filmam qualquer coisa de qualquer jeito como pais filmando suas criancinhas fazendo alguma gracinha ou seu bichinho de estimação fofinho.

A verdade é que a industria do audiovisual está passando por um processo muito semelhante ao que a indústria fonográfica passou há alguns anos, primeiro com o surgimento do “MP3” que possibilitou que os aruivos tivessem uma compressão maior com mais qualidade, facilitando não só o seu armazemanto com o surgimento de dispositivos capazes de ter um gigantesta biblioteca ao toque de nossos dedos, como também a troca de arquivos entre pessoas através de redes como Napster; culminando com a loja do itunes que nos aprensentou uma nova forma de se vender e comprar músicas, dando a nós consumidores o poder de escolher somente aquelas músicas que quisermos e não um disco inteiro.

O Youtube é apenas o começo. A difusão do conhecimento das técnicas de produção e finalização, e o barateamento do custo dos equipamentos de captação fez surgir um número gigantesco de novos talentos que têm seus públicos fiéis espalhados por todo o mundo. De acordo com Caroline, diretora de “Botolovers” o seu canal no YouTube ajudou a criar um público pequeno - mas fiel. “Nas redes sociais, esse contato se expandiu e até uma linguagem própria foi criada entre os fãs da série”, afirma a diretora. Isso mostra que para se ter sucesso não é necesário ter um canal com milhões de acessos e sim criar um público fiel. Claro que juntar estes dois fatores é o ponto alto de nossos desejos. No entanto, no Brasil isso só é possível, infelizmente, quando quando as webséries têm rostos conhecidos da TV falando falando obcenidades...

Mas assim como foi com a indústria fonográfica, engana-se quem acredita que esta mudança de paradigma virá com a aprovação das grandes redes que, sabendo do potencial de audiência desdes produtores de webséries, os enxergam como verdadeiros inimigos. Prova disso é que o projeto de lei da deputada Jandira Fegalli que trata da regionalização da programação televisiva e que está parado há anos por causa do lobby das grandes emissoras. De acordo com elas, um dos motivos para a não aprovação, seria o que que não haveria uma produção suficiente para preencher a grade de programação. Talvez eles não tenham internet em casa... A revolução virá pelas mãos dos produtores e principalmente do público que cada vez mais rejeita as velhas fórmulas novelescas e busca na rede mundial de computadores uma alternativa de entretenimento.