quarta-feira, 19 de junho de 2013

Brasil ainda é "bebê" na indústria de cinema, diz Dove Simens

"Adoro fazer filmes que tragam lucros", diz Dove Simens, produtor executivo que vem ao Brasil para ministrar em São Paulo o curso Hollywood 2 – Day Film School, trazendo modelos do cinema americano para o público brasileiro. “Vocês têm talentos, profissionais, um governo com programas maravilhosos de financiamento, mas não sabem contar histórias, precisam experimentar, ainda são bebês nesta indústria”, destaca.

Simens alerta que o seu curso não é para ensinar criatividade ou talento, nem para discutir financiamento público, mas para ensinar alguns caminhos para que os produtores comecem a trabalhar de forma realmente independente e fazer seus filmes com baixos orçamentos, mas que tragam lucro. Ele acredita que o primeiro filme deve ser financiado pelo produtor e por alguns investidores, para que depois ele consiga recursos do governo, coproduções e product placement. “Pode ser um filme com 90 páginas de roteiro, uma única locação, bons atores, boa equipe, uma boa história”, explica. “Os realizadores estão presos em alguns modelos, eu só dou um empurrãozinho”. Outro conselho de Simens é parar de fazer curtas. “É coisa para se fazer dos 12 aos 20 anos, colocar no YouTube e testar seus trabalhos. Se quer ter lucratividade tem que fazer longa-metragem”.

Para o instrutor, as oportunidades que os realizadores brasileiros terão com a televisão, com a Lei do SeAC, é importante para fazê-los testar suas habilidades e fazer seus nomes. “São duas indústrias totalmente diferentes, vocês são bons em televisão, são os reis das novelas. Quem sabe fazer televisão, que é muito mais complexo, tira de letra a indústria do cinema”, observa.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Spilberg, Dona Xepa e o novo paradigma de produção



Em recente matéria no "The Hollywood Reporter" Steven Spilberg afirma que a "indústria do cinema vai sofrer uma implosão" e George Lucas completa "O caminho para o cinema está ficando cada vez mais apertado e difícil...". Estas afirmações, vindas dos mais bem sucedidos profissionais da industria cinematográfica, por si só já são de colocar qualquer um que trabalhe na área de cabelo em pé!  Ainda mais quando comparamos estas informações com o mercado nacional de produção cinematográfica.


Por falar em Brasil, recentes acontecimentos no mercado audiovisual tupiniquim, e aqui vou me ater somente ao televisivo, acenderam a luz vermelha em toda a classe. A demissão em massa no RecNove (centro de produção de dramaturgia da Record) e o mico do ator (?) Maurício Mattar em um programa vespertino da emissora dos bispos trazem um novo paradigma para as produções nacionais. Será que o atual modelo de produção também está sofrendo uma implosão?



Acredito que sim! As super estruturas, os mega salários e um vale tudo pela audiência estão pesando tanto nas emissoras que seus pilares não estão suportando mais. São programas caros e efêmeros que não geram engajamento com a audiência. A TV está mais descartável. Inclusive a TV a cabo que vive de eternas reprises com lampejos de originalidade. E sem falar que o espectador não é mais aquele de anos atrás. Com o advento dos novos dispositivos (principalmente aqueles de origem desconhecida) que inundam as lojas juntamente com a facilidade de acesso a internet estão transformando de vez a forma de ver TV, 

Há ainda um outro fator que deve ser levando em consideração que chamo de "estagnação criativa" e atinge como uma epidemia os autores (deuses) novelescos... Como não lembrar de Salve Jorge? Tema fraco, personagens sofríveis e conflitos tão superficiais que beiravam a vergonha alheia... Por falar nisso, Coitado do Marcelo Adnet com seu Dentista Mascarado!

Não vejo outra solução para a TV senão observar que há sim vida inteligente fora dela e com competência para superá-la. As webséries estão ai para provar isso! Que o diga o NetFlix que estreiou várias séries exclusivas para os assinantes de seu serviço de videos pela internet com enorme sucesso!

E não precisam ser super produções de milhões de dólares. Basta ter uma equipe competente e enxuta, um bom roteiro e muita disposição para se dar bem neste universo e entrar pela porta da frente. Ou melhor, pela porta dos fundos. Porchat e sua turma, apesar de escorregarem em um ou outro episódio abusando um pouco do bom senso,  conseguem proporcionalmente uma audiência superior (e mais engajada) do que o Zorra Total, hoje o principal humorístico da maior emissora do país.

Faça o teste amanhã. Pergunte em seu trabalho, faculdade ou academia quem viu Dona Xepa. E depois pergunte quem viu o Porta dos Fundos. Entenderam o recado? Então mão a obra amigos!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Nova websérie chegando...


Em cena Marco Fugga (sentado) e Guilherme Colina.


Primeiro dia de ensaios para a gravação do piloto da nova websérie do diretor Guto Aeraphe. Com o título "Nascido Morto" e roteiro assinado por Alex Moletta, a estória conta a trajetória de Renato, um homem que tem uma estranha característica. Ele não sente dor e por isso não tem sentimentos. Mas depois da morte de sua mãe, uma policial que investigava uma organização criminosa, ele decide usar este estranho dom para buscar vingança e quem sabe um pouco de humanidade para si.

E para não perder tempo, o diretor Guto Aeraphe aproveitou para fazer alguns testes de fotografia e colorização. As gravações que tem a produção realizada pela Cinemarketing Filmes vão contar com os equipamentos (grua, slider e estabilizador) da Dimtec (www.dimtec.com.br).



O Slider Dimtec em ação!

Como era uma agência de publicidade nos anos 80

Se passaram mais de 25 anos entre este pequeno documentário vintage e os dias de hoje. Em um vídeo de pouco mais de sete minutos, se apresenta a estrutura da agência Convence Comunicação, a primeira do Piauí, no 1987.

Muitas coisas mudaram – o computador, por exemplo, que era apenas uma auxiliar pras tarefas, hoje é presença essencial em qualquer agência. Mas é possível observar que outras coisas se mantiveram bem parecidas, com a organização dos departamentos.

Assista o vídeo e se divirta também:


domingo, 2 de junho de 2013

Afinal de contas... Quem é este webespectador?

Despois de alguns meses com o projeto do Portal Webseriados.com no ar resolvi realizar uma pesquisa para saber como estava a receptividade das webséries Heróis e Apocalipze e principalmente conhecer mais sobre os hábitos e costumes de quem as consumia. E graças a internet para isso não precisamos contratar uma empresa especializada no assunto! Há na internet diversas ferramentas capazes de nos auxiliar neste processo de forma simples e gratuita. Talvez o mais popular seja o Google Docs. Nele é possível conceber facilmente diversos tipos de formulários cujas respostas já são automaticamente compiladas em forma de gráficos e tabelas. Para aqueles que são iniciantes neste processo de pesquisa. É importante ressaltar duas coisas. A primeira é que não adianta realizar a pesquisa com poucas pessoas. Para se ter uma boa base de dados que representem vários segmentos da nossa sociedade é preciso que haja uma amostragem mínima de 100 pessoas. Menos que isso é provável que você obtenha resultados que não condizem com a realidade. Outra coisa importante que precisa ser lembrada é que não adianta sair perguntando para os amigos ou familiares. Pessoas próximas tendem a nos agradar! Para que você obtenha melhores resultados, utilize seu próprio website para hospedar os formulários (o Google Docs gera um código HTML para isso) e depois divulgue o link em grupos com temáticas afins no Facebook e em outras redes sociais como o Twitter ou qualquer outra que você julgar melhor.  Agora é só esperar pela participação dos usuários. Uma dica. As pessoas recebem milhares de mensagens diariamente pelas redes sociais e elas podem facilmente ignorar a sua. Para ajudar neste aspecto, coloque um texto curto e direto, convidando a pessoa a tornar-se parte de uma pesquisa que irá transformar algo. Se você estiver publicando em um grupo de discussão que tenha afinidade com o tema proposto, rapidamente você atingirá sua meta. E não se esqueça de depois disso, publicar uma mensagem de agradecimento em todos os locais onde você postou o pedido de participação da pesquisa.

Nesta pesquisa eu utilizei um universo de 100 pessoas que responderam um questionário de 23 perguntas as quais tinha interesse em saber. A princípio os questionamentos eram sobre “quem é” este webespectador  e continha perguntas como sexo, idade, região onde morava, etc. O resultado mostrou que a maioria era masculina com idades entre 26 e 30 anos e concentrados na região sudeste do país. Diversos pontos podem ser colocados aqui para justificarem estes dados. O primeiro deles é que as webséries já tinham como público alvo a faixa masculina da população e o resultado de 75% de homens confirmou isso. A concentração da maioria na região sudeste também é justificável já que lá há, além de uma grande concentração populacional, o maior número de pontos de acesso do país. Na pesquisa a região foi seguida pelas Sul e Nordeste. O interessante aqui é notar que no gráfico de idade, há um grande número de pessoas com mais de 40 anos no acesso a internet, sendo um total de 18%. Mais da metade dos 26% que estão na faixa dos 26 a 30 anos. Juntos eles fazem parte da parcela da população economicamente ativa mais importante. O que faz a diferença no momento em que você vai ligar com seus anunciantes.


Tabela 1 - Faixa etária Portal Webseriados

Estes números também mostram outro erro muito comum quando se pensa em público alvo ou mercado consumidor de internet. Hoje a maioria dos “especialistas” em internet que são contratados pelas empresas para monitorar as redes são jovens na casa dos 20 anos e para eles pessoas com 40 anos já são consideradas velhas... e por isso muitas vezes incapazes de se relacionarem com qualquer tecnologia. Mas o que eles se esquecem é que a internet chegou ao Brasil em meados dos anos 90 e muitos destes “tios” eram na época jovens tão loucos pelas novidades tecnológicas do quanto os de hoje. Estas pessoas viram a internet nascer e participaram do seu crescimento. Por isso é uma parcela importante da população e deve ser levada em consideração no momento de qualquer planejamento.

Depois foram feitas perguntas relacionadas ao comportamento do webespectador. Quando questionados sobre a frequência com que assistiam vídeos pela internet, 80% responderam que sempre assistem vídeos todas as vezes que têm oportunidade de acesso à rede e deste total, 67% assistem vídeos com 8 minutos ou mais (nos próximos capítulos vamos falar mais sobre esta questão do tempo assistido), sendo que um pouco mais do que a metade gosta de ver online e o restante baixa para ver mais tarde. Outro bom dado é que 85% dos entrevistados conhecem o formato “websérie”.

Os gêneros série, música e filme são dominantes dentre aqueles que assistem vídeos na internet, sendo o humore o suspense os temas preferidos. Todos pela ordem. Um dado interessante foi de que gêneros de programas tradicionalmente dominantes na televisão, principalmente brasileira, como o jornalismo e os de entretenimento tão comuns em nossas tardes de domingo e que tradicionalmente recebem os maiores investimentos tanto publicitários quanto das próprias emissoras, tiveram a pior colocação entre os pesquisados. Perdendo inclusive para os chamados “vídeos caseiros” ou “amadores”.


Tabela 2 - Gêneros que mais gosta

Sobre este último ponto observado, é interessante notar que há uma grande mudança nos hábitos das pessoas. Quando o Youtube nasceu, em 2005, ele destacava em sua logo o seguinte slogan: “Broadcast Yourself” que numa tradução livre poderia ser “transmita-se” ou “transmita a si mesmo” indicando claramente que a ideia era criar um portal onde as pessoas pudessem colocar seus próprios vídeos, seja lá os que eles representassem.



Logo do Youtube com destaque para o slogan "Broadcast Yourself"


Na época havia poucos métodos simples disponíveis a usuários normais de computadores que queriam colocar seus vídeos na Internet. Com sua interface de fácil uso, YouTube tornou possível a qualquer um que usa computador a postar na Internet um vídeo que milhões de pessoas poderiam ver em poucos minutos. A grande variedade de tópicos cobertos pelo YouTube tornou o compartilhamento de vídeo uma das mais importantes partes da cultura da Internet. No entanto, depois de apenas alguns anos esta curva de crescimento deste tipo de vídeo mudou drasticamente. Muito em função de diversas tecnologias de produção e da própria melhoria da qualidade de transmissão. Sem contar que conteúdos amadores não geram rentabilidade através de publicidade. Talvez em um primeiro momento, mas depois...

Mas voltado ao assunto, ainda sobre o comportamento dos webespectadores, três dados me surpreenderam em seus resultados. O primeiro deles foi sobre qual dispositivo o usuário mais utilizava para assistir aos vídeos da internet. Apesar de os números internacionais mostrarem um forte crescimento do uso de dispositivos móveis como tablets e smartphone, ele se mostrou ainda tímido no Brasil. Os mais utilizados ainda são os notebooks e desktops. A boa notícia é que os smartphones estão à frente das TVs conectadas, mostrando que apesar de tímidos, os webespectadores estão cada vez mais se acostumando a assistir conteúdos nas telas pequenas. Mas este tímido desempenho se dá por vários motivos alheios ao nosso objeto de estudo como, por exemplo, o caso da criminalidade. Afinal, quem se sente seguro hoje para retirar do bolso ou mochila seu smartphone ou tablet dentro do metrô no caminho para o trabalho ou simplesmente sentado esperando o ônibus passar pelo ponto?

Outros dois aspectos são o de “onde” e “quando” os webespectadores consomem os vídeos. 52% por cento das pessoas assistem os vídeos à noite e 66% em casa contra 21% que assistem durante o horário de trabalho. Estes são dados que colocam qualquer executivo de televisão de cabelo em pé!


Tabela 3 - Onde assiste vídeos pela internet



Tabela 4 - Quando assiste videos na internet


Um caso interessante que podemos citar aqui e que traduz bem como serão os rumos tomados pela indústria criativa a partir deste novo modelo de consumidor, foi o que aconteceu com a série “Veronica Mars” que foi cancelada pela Warner pela baixa audiência. Até aí tudo bem, nada de mais... O que ninguém esperava é que havia na internet milhares de fãs que não se conformaram com o cancelamento imposto pela gigante do entretenimento e se mobilizaram em torno de um projeto através do site de crowdfunding Kickstarter. Dessa forma, eles conseguiram contabilizar em menos de 12 horas mais de 1 milhão de dólares e que em poucos dias transformou-se em mais de 3,5 milhões, com o único intuito de realizar um filme sobre a série. Claro que não dá para ser tão cético e acreditar que os estúdios Warner não tenham nada com isso. Mas a verdade é que temos que analisar sob o ponto de vista que apesar da série não ir bem na TV, na internet ela está mais forte do que nunca!

O fato é que eles não tinham perdido a audiência. Ela apenas tinha migrado da tv para a internet. E não vamos discutir aqui o fato desta migração também ter ligação com o processo de pirataria, porque isso daria outro livro... Mas cabe aqui uma grande reflexão... Como fechar esta conta? Quero dizer, o que realmente define se uma série está indo bem ou não com a sua audiência?

Mais do que o dinheiro envolvido, a campanha no Kickstarter provou não só para a Warner, mas para qualquer grande estúdio que mesmo cancelada por baixos números de audiência na TV, uma série ainda desperta interesse e tem apelo junto ao público da internet. É o que chamo de efeito migratório das novas mídias.

Outra questão interessante é: será que nós, pequenos produtores que não contamos com um grande estúdio por trás e que raramente têm no elenco um nome de peso, o publico terá coragem de investir como aconteceu com Veronica Mars? Infelizmente não acredito que isso aconteça. É normal que seja assim. Afinal, nenhum de nós gosta de colocar em risco um real que seja do nosso dinheiro em algo que não conheçamos bem. O que vemos na realidade é que grandes quantias vão para projetos já conhecidos e que projetos menores contam somente com a contribuição de amigos e parentes e dificilmente algum mecenas aparece e ajuda com uma boa quantia. Ninguém mais do que eu acredita no potencial da internet e não estou aqui desqualificando os sites de crowdfunding. Muito pelo contrário! Estou apenas tendo um lampejo de realidade e analisando uma possibilidade de financiamento que pode ser real. O crowdfunding é ideal para pequenas quantias.

Agora vem a má notícia... Fazer webséries de qualidade não é barato e a dificuldade para conseguir recursos é enorme. Por isso nessa mesma pesquisa foi perguntado sobre como deveria ser a publicidade nos sites que veiculam este tipo de conteúdo. Perguntamos se “Você clica em algum anúncio em uma página de vídeos como os veiculados no Youtube?”. A resposta foi de que 60% nunca clicou e 38% disse que raramente clica. Quando perguntados sobre “Qual o melhor formato de propaganda em uma página de vídeos?”, a maioria respondeu “sem propaganda”. Sobre “Qual a melhor forma de inserção de vídeos de propaganda em um episódio?”, novamente a maioria foi taxativa: sem propagandas. Por fim, perguntamos “Quanto você pagaria por um episódio de websérie?” e 50% respondeu: não pagaria!

Então chegamos a um entrave: como conseguir verbas para a realização de nossas séries já que o público não quer pagar pelo conteúdo e também não gosta de ser interrompido pela publicidade tradicional? Será que devemos ficar 100% dependentes de Leis de Incentivo?

Calma. Antes de desistir de tudo, e tentar buscar outra profissão, quero apresentar uma alternativa! Durante muitos tempo o espaço para a divulgação em qualquer veículo era uma “pausa” na programação onde eram inseridas as mensagem dos patrocinadores. No digital, a ideia muda bastante. Não se interrompe nada e o conteúdo tem que ganhar relevância social para se manter em evidência. É aqui que apresento o conceito de Brand Content, ou Conteúdo de Marca.
Não é um conceito novo, mas ganhou força com o advento das tecnologias digitais e pode ser o melhor caminho para trazer recursos para as webséries. Vejamos como funciona!



Em termo simples o Brand Content nada mais é do que transformar o produto, serviço ou marca em entretenimento. Combinando o conteúdo dos formatos com os objetivos das marcas, o brand content cria e estimula laços entre as empresas e os consumidores, ativando a comunicação através do entretenimento. É uma forma de acabar com a divisão entre o comercial e o entretenimento.


Diferente das já tradicionais ações de merchandising que interrompem a ação dramática, ou seja, interrompem o entretenimento, para nos passar uma mensagem publicitária sobre determinado produto ou marca que não tem relação nenhuma com a história. Este tipo de publicidade está cada vez mais em desuso justamente por isso.