"Adoro fazer filmes que tragam lucros", diz Dove Simens, produtor executivo que vem ao Brasil para ministrar em São Paulo o curso Hollywood 2 – Day Film School, trazendo modelos do cinema americano para o público brasileiro. “Vocês têm talentos, profissionais, um governo com programas maravilhosos de financiamento, mas não sabem contar histórias, precisam experimentar, ainda são bebês nesta indústria”, destaca.
Simens alerta que o seu curso não é para ensinar criatividade ou talento, nem para discutir financiamento público, mas para ensinar alguns caminhos para que os produtores comecem a trabalhar de forma realmente independente e fazer seus filmes com baixos orçamentos, mas que tragam lucro. Ele acredita que o primeiro filme deve ser financiado pelo produtor e por alguns investidores, para que depois ele consiga recursos do governo, coproduções e product placement. “Pode ser um filme com 90 páginas de roteiro, uma única locação, bons atores, boa equipe, uma boa história”, explica. “Os realizadores estão presos em alguns modelos, eu só dou um empurrãozinho”. Outro conselho de Simens é parar de fazer curtas. “É coisa para se fazer dos 12 aos 20 anos, colocar no YouTube e testar seus trabalhos. Se quer ter lucratividade tem que fazer longa-metragem”.
Para o instrutor, as oportunidades que os realizadores brasileiros terão com a televisão, com a Lei do SeAC, é importante para fazê-los testar suas habilidades e fazer seus nomes. “São duas indústrias totalmente diferentes, vocês são bons em televisão, são os reis das novelas. Quem sabe fazer televisão, que é muito mais complexo, tira de letra a indústria do cinema”, observa.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Spilberg, Dona Xepa e o novo paradigma de produção
Em recente matéria no "The Hollywood Reporter" Steven Spilberg afirma que a "indústria do cinema vai sofrer uma implosão" e George Lucas completa "O caminho para o cinema está ficando cada vez mais apertado e difícil...". Estas afirmações, vindas dos mais bem sucedidos profissionais da industria cinematográfica, por si só já são de colocar qualquer um que trabalhe na área de cabelo em pé! Ainda mais quando comparamos estas informações com o mercado nacional de produção cinematográfica.
Por falar em Brasil, recentes acontecimentos no mercado audiovisual tupiniquim, e aqui vou me ater somente ao televisivo, acenderam a luz vermelha em toda a classe. A demissão em massa no RecNove (centro de produção de dramaturgia da Record) e o mico do ator (?) Maurício Mattar em um programa vespertino da emissora dos bispos trazem um novo paradigma para as produções nacionais. Será que o atual modelo de produção também está sofrendo uma implosão?
Acredito que sim! As super estruturas, os mega salários e um vale tudo pela audiência estão pesando tanto nas emissoras que seus pilares não estão suportando mais. São programas caros e efêmeros que não geram engajamento com a audiência. A TV está mais descartável. Inclusive a TV a cabo que vive de eternas reprises com lampejos de originalidade. E sem falar que o espectador não é mais aquele de anos atrás. Com o advento dos novos dispositivos (principalmente aqueles de origem desconhecida) que inundam as lojas juntamente com a facilidade de acesso a internet estão transformando de vez a forma de ver TV,
Há ainda um outro fator que deve ser levando em consideração que chamo de "estagnação criativa" e atinge como uma epidemia os autores (deuses) novelescos... Como não lembrar de Salve Jorge? Tema fraco, personagens sofríveis e conflitos tão superficiais que beiravam a vergonha alheia... Por falar nisso, Coitado do Marcelo Adnet com seu Dentista Mascarado!
Não vejo outra solução para a TV senão observar que há sim vida inteligente fora dela e com competência para superá-la. As webséries estão ai para provar isso! Que o diga o NetFlix que estreiou várias séries exclusivas para os assinantes de seu serviço de videos pela internet com enorme sucesso!
E não precisam ser super produções de milhões de dólares. Basta ter uma equipe competente e enxuta, um bom roteiro e muita disposição para se dar bem neste universo e entrar pela porta da frente. Ou melhor, pela porta dos fundos. Porchat e sua turma, apesar de escorregarem em um ou outro episódio abusando um pouco do bom senso, conseguem proporcionalmente uma audiência superior (e mais engajada) do que o Zorra Total, hoje o principal humorístico da maior emissora do país.
Faça o teste amanhã. Pergunte em seu trabalho, faculdade ou academia quem viu Dona Xepa. E depois pergunte quem viu o Porta dos Fundos. Entenderam o recado? Então mão a obra amigos!
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Nova websérie chegando...
Em cena Marco Fugga (sentado) e Guilherme Colina.
E para não perder tempo, o diretor Guto Aeraphe aproveitou para fazer alguns testes de fotografia e colorização. As gravações que tem a produção realizada pela Cinemarketing Filmes vão contar com os equipamentos (grua, slider e estabilizador) da Dimtec (www.dimtec.com.br).
O Slider Dimtec em ação!
Como era uma agência de publicidade nos anos 80
Se passaram mais de 25 anos entre este pequeno documentário vintage e os dias de hoje. Em um vídeo de pouco mais de sete minutos, se apresenta a estrutura da agência Convence Comunicação, a primeira do Piauí, no 1987.
Muitas coisas mudaram – o computador, por exemplo, que era apenas uma auxiliar pras tarefas, hoje é presença essencial em qualquer agência. Mas é possível observar que outras coisas se mantiveram bem parecidas, com a organização dos departamentos.
Assista o vídeo e se divirta também:
Muitas coisas mudaram – o computador, por exemplo, que era apenas uma auxiliar pras tarefas, hoje é presença essencial em qualquer agência. Mas é possível observar que outras coisas se mantiveram bem parecidas, com a organização dos departamentos.
Assista o vídeo e se divirta também:
domingo, 2 de junho de 2013
Afinal de contas... Quem é este webespectador?
Despois
de alguns meses com o projeto do Portal Webseriados.com no ar resolvi realizar
uma pesquisa para saber como estava a receptividade das webséries Heróis e
Apocalipze e principalmente conhecer mais sobre os hábitos e costumes de quem
as consumia. E graças a internet para isso não precisamos contratar uma empresa
especializada no assunto! Há na internet diversas ferramentas capazes de nos
auxiliar neste processo de forma simples e gratuita. Talvez o mais popular seja
o Google Docs. Nele é possível conceber facilmente diversos tipos de
formulários cujas respostas já são automaticamente compiladas em forma de
gráficos e tabelas. Para aqueles que são iniciantes neste processo de pesquisa.
É importante ressaltar duas coisas. A primeira é que não adianta realizar a
pesquisa com poucas pessoas. Para se ter uma boa base de dados que representem
vários segmentos da nossa sociedade é preciso que haja uma amostragem mínima de
100 pessoas. Menos que isso é provável que você obtenha resultados que não
condizem com a realidade. Outra coisa importante que precisa ser lembrada é que
não adianta sair perguntando para os amigos ou familiares. Pessoas próximas tendem
a nos agradar! Para que você obtenha melhores resultados, utilize seu próprio
website para hospedar os formulários (o Google Docs gera um código HTML para
isso) e depois divulgue o link em grupos com temáticas afins no Facebook e em
outras redes sociais como o Twitter ou qualquer outra que você julgar
melhor. Agora é só esperar pela
participação dos usuários. Uma dica. As pessoas recebem milhares de mensagens
diariamente pelas redes sociais e elas podem facilmente ignorar a sua. Para
ajudar neste aspecto, coloque um texto curto e direto, convidando a pessoa a
tornar-se parte de uma pesquisa que irá transformar algo. Se você estiver
publicando em um grupo de discussão que tenha afinidade com o tema proposto,
rapidamente você atingirá sua meta. E não se esqueça de depois disso, publicar
uma mensagem de agradecimento em todos os locais onde você postou o pedido de
participação da pesquisa.
Nesta
pesquisa eu utilizei um universo de 100 pessoas que responderam um questionário
de 23 perguntas as quais tinha interesse em saber. A princípio os
questionamentos eram sobre “quem é” este webespectador e continha perguntas como sexo, idade, região
onde morava, etc. O resultado mostrou que a maioria era masculina com idades
entre 26 e 30 anos e concentrados na região sudeste do país. Diversos pontos
podem ser colocados aqui para justificarem estes dados. O primeiro deles é que
as webséries já tinham como público alvo a faixa masculina da população e o
resultado de 75% de homens confirmou isso. A concentração da maioria na região
sudeste também é justificável já que lá há, além de uma grande concentração
populacional, o maior número de pontos de acesso do país. Na pesquisa a região
foi seguida pelas Sul e Nordeste. O interessante aqui é notar que no gráfico de
idade, há um grande número de pessoas com mais de 40 anos no acesso a internet,
sendo um total de 18%. Mais da metade dos 26% que estão na faixa dos 26 a 30 anos.
Juntos eles fazem parte da parcela da população economicamente ativa mais
importante. O que faz a diferença no momento em que você vai ligar com seus
anunciantes.
Tabela 1 - Faixa etária Portal
Webseriados
Estes
números também mostram outro erro muito comum quando se pensa em público alvo
ou mercado consumidor de internet. Hoje a maioria dos “especialistas” em
internet que são contratados pelas empresas para monitorar as redes são jovens
na casa dos 20 anos e para eles pessoas com 40 anos já são consideradas
velhas... e por isso muitas vezes incapazes de se relacionarem com qualquer
tecnologia. Mas o que eles se esquecem é que a internet chegou ao Brasil em
meados dos anos 90 e muitos destes “tios” eram na época jovens tão loucos pelas
novidades tecnológicas do quanto os de hoje. Estas pessoas viram a internet
nascer e participaram do seu crescimento. Por isso é uma parcela importante da
população e deve ser levada em consideração no momento de qualquer planejamento.
Depois foram feitas
perguntas relacionadas ao comportamento do webespectador. Quando questionados sobre
a frequência com que assistiam vídeos pela internet, 80% responderam que sempre
assistem vídeos todas as vezes que têm oportunidade de acesso à rede e deste
total, 67% assistem vídeos com 8 minutos ou mais (nos próximos capítulos vamos
falar mais sobre esta questão do tempo assistido), sendo que um pouco mais do
que a metade gosta de ver online e o restante baixa para ver mais tarde. Outro
bom dado é que 85% dos entrevistados conhecem o formato “websérie”.
Os gêneros série,
música e filme são dominantes dentre aqueles que assistem vídeos na internet,
sendo o humore o suspense os temas preferidos. Todos pela ordem. Um dado
interessante foi de que gêneros de programas tradicionalmente dominantes na
televisão, principalmente brasileira, como o jornalismo e os de entretenimento
tão comuns em nossas tardes de domingo e que tradicionalmente recebem os
maiores investimentos tanto publicitários quanto das próprias emissoras,
tiveram a pior colocação entre os pesquisados. Perdendo inclusive para os
chamados “vídeos caseiros” ou “amadores”.
Tabela 2 - Gêneros que mais gosta
Sobre este último
ponto observado, é interessante notar que há uma grande mudança nos hábitos das
pessoas. Quando o Youtube nasceu, em 2005, ele destacava em sua logo o seguinte
slogan: “Broadcast Yourself” que numa tradução livre poderia ser “transmita-se”
ou “transmita a si mesmo” indicando claramente que a ideia era criar um portal
onde as pessoas pudessem colocar seus próprios vídeos, seja lá os que eles
representassem.
Logo do Youtube com destaque para o slogan "Broadcast
Yourself"
Na época havia poucos métodos simples
disponíveis a usuários normais de computadores que queriam colocar seus vídeos
na Internet. Com sua interface de fácil uso, YouTube tornou possível a qualquer
um que usa computador a postar na Internet um
vídeo que milhões de pessoas poderiam ver em poucos minutos. A grande variedade de tópicos
cobertos pelo YouTube tornou o compartilhamento de vídeo uma das mais
importantes partes da cultura da Internet. No entanto,
depois de apenas alguns anos esta curva de crescimento deste tipo de vídeo
mudou drasticamente. Muito em função de diversas tecnologias de produção e da
própria melhoria da qualidade de transmissão. Sem contar que conteúdos amadores
não geram rentabilidade através de publicidade. Talvez em um primeiro momento,
mas depois...
Mas voltado ao
assunto, ainda sobre o comportamento dos webespectadores, três dados me
surpreenderam em seus resultados. O primeiro deles foi sobre qual dispositivo o
usuário mais utilizava para assistir aos vídeos da internet. Apesar de os
números internacionais mostrarem um forte crescimento do uso de dispositivos
móveis como tablets e smartphone, ele se mostrou ainda tímido no Brasil. Os
mais utilizados ainda são os notebooks e desktops. A boa notícia é que os
smartphones estão à frente das TVs conectadas, mostrando que apesar de tímidos,
os webespectadores estão cada vez mais se acostumando a assistir conteúdos nas
telas pequenas. Mas este tímido desempenho se dá por vários motivos alheios ao
nosso objeto de estudo como, por exemplo, o caso da criminalidade. Afinal, quem
se sente seguro hoje para retirar do bolso ou mochila seu smartphone ou tablet
dentro do metrô no caminho para o trabalho ou simplesmente sentado esperando o
ônibus passar pelo ponto?
Outros dois
aspectos são o de “onde” e “quando” os webespectadores consomem os vídeos. 52%
por cento das pessoas assistem os vídeos à noite e 66% em casa contra 21% que
assistem durante o horário de trabalho. Estes são dados que colocam qualquer
executivo de televisão de cabelo em pé!
Tabela
3 - Onde assiste vídeos pela
internet
Tabela 4 - Quando assiste videos na internet
Um caso interessante
que podemos citar aqui e que traduz bem como serão os rumos tomados pela
indústria criativa a partir deste novo modelo de consumidor, foi o que
aconteceu com a série “Veronica Mars” que foi cancelada pela Warner pela baixa
audiência. Até aí tudo bem, nada de mais... O que ninguém esperava é que havia
na internet milhares de fãs que não se conformaram com o cancelamento imposto
pela gigante do entretenimento e se mobilizaram em torno de um projeto através
do site de crowdfunding Kickstarter. Dessa forma, eles conseguiram contabilizar
em menos de 12 horas mais de 1 milhão de dólares e que em poucos dias transformou-se
em mais de 3,5 milhões, com o único intuito de realizar um filme sobre a série.
Claro que não dá
para ser tão cético e acreditar que os estúdios Warner não tenham nada com
isso. Mas a verdade é que temos que analisar sob o ponto de vista que apesar da
série não ir bem na TV, na internet ela está mais forte do que nunca!
O fato é que eles
não tinham perdido a audiência. Ela apenas tinha migrado da tv para a internet.
E não vamos discutir aqui o fato desta migração também ter ligação com o
processo de pirataria, porque isso daria outro livro... Mas cabe aqui uma
grande reflexão... Como fechar esta conta? Quero dizer, o que realmente define
se uma série está indo bem ou não com a sua audiência?
Mais do que o
dinheiro envolvido, a campanha no Kickstarter provou não só para a Warner, mas
para qualquer grande estúdio que mesmo cancelada por baixos números de
audiência na TV, uma série ainda desperta interesse e tem apelo junto ao
público da internet. É o que chamo de efeito migratório das novas mídias.
Agora vem a má
notícia... Fazer webséries de qualidade não é barato e a dificuldade para
conseguir recursos é enorme. Por isso nessa mesma pesquisa foi perguntado sobre
como deveria ser a publicidade nos sites que veiculam este tipo de conteúdo.
Perguntamos se “Você clica em algum anúncio em uma página de vídeos como os
veiculados no Youtube?”. A resposta foi de que 60% nunca clicou e 38% disse que
raramente clica. Quando perguntados sobre “Qual o melhor formato de propaganda
em uma página de vídeos?”, a maioria respondeu “sem propaganda”. Sobre “Qual a
melhor forma de inserção de vídeos de propaganda em um episódio?”, novamente a
maioria foi taxativa: sem propagandas. Por fim, perguntamos “Quanto você
pagaria por um episódio de websérie?” e 50% respondeu: não pagaria!
Então chegamos a
um entrave: como conseguir verbas para a realização de nossas séries já que o
público não quer pagar pelo conteúdo e também não gosta de ser interrompido
pela publicidade tradicional? Será que devemos ficar 100% dependentes de Leis
de Incentivo?
Calma.
Antes de desistir de tudo, e tentar buscar outra profissão, quero apresentar
uma alternativa! Durante muitos tempo o espaço para a divulgação em qualquer
veículo era uma “pausa” na programação onde eram inseridas as mensagem dos
patrocinadores. No digital, a ideia muda bastante. Não se interrompe nada e o
conteúdo tem que ganhar relevância social para se manter em evidência. É aqui
que apresento o conceito de Brand Content, ou Conteúdo de Marca.
Não é um conceito
novo, mas ganhou força com o advento das tecnologias digitais e pode ser o
melhor caminho para trazer recursos para as webséries. Vejamos como funciona!
Em
termo simples o Brand Content nada mais é do que transformar o produto, serviço
ou marca em entretenimento. Combinando o conteúdo dos formatos com os objetivos
das marcas, o brand content cria
e estimula laços entre as empresas e os consumidores, ativando a comunicação
através do entretenimento. É uma forma de acabar com a divisão entre o
comercial e o entretenimento.
Diferente
das já tradicionais ações de merchandising que interrompem a ação dramática, ou
seja, interrompem o entretenimento, para nos passar uma mensagem publicitária
sobre determinado produto ou marca que não tem relação nenhuma com a história.
Este tipo de publicidade está cada vez mais em desuso justamente por isso.
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