terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Proposta de direção... Assim começa o trabalho!

Como prometi, vou expor aqui minhas idéias sobre o processo de direção do filme Bornata e Sua Boneca de Papel

Esteticamente o filme tem dois momentos bem disitintos. O primeiro, que se passa na época atual, tem uma proposta de câmera mais solta e uma trilha sonora com ruídos próprios de uma cidade grande. Dentro do apartamento, onde se passa essa primeira parte do filme, a fotografia tem as cores pálidas e luzes mais pontuais e azuladas na sala e mais quentes e aconchegantes no quarto das crianças.

O segundo momento, que se passa no interior de Minas na década de cinquenta, tem uma fotografia onde o branco e o amarelo predominam, fazendo com que a imagem seja naturalmente entendida como um “sépia”, sem o uso abusivo de colorização na pós-produção. Os planos são mais contemplativos, abusando dos efeitos dramáticos produzidos pela grua e pelo steadicam, dando a impressão de que a câmera flutua entre um enquadramento e outro.

Nesta parte, onde de acordo com o roteiro há duas intervenções marcantes da trilha sonora e a ausência dos diálogos, usaremos em essência closes em câmera lenta com o cuidado de não deixar que o ritmo reduzido das imagens atrapalhe o ritmo do filme como um todo. Usaremos apenas quando for necessário valorizar a melodia e a letra da música.

Toda a concepção da direção de arte será baseada na simplicidade. No primeiro momento do filme, quando se passa na atualidade, o cenário é um pequeno apartamento que será construído em estúdio, com poucos móveis e objetos com decoração não definida, característica de uma família de classe média baixa. Já a segunda parte, que se passa em uma fazendo do interiror do estado, as cenas serão gravadas em locação, mesmo as internas, para que se possa passar toda a beleza e simplicidade da arquitetura interiorana mineira do início século XIX.

No que diz respeito as personagens, fiz a opção de não utilizar a linguagem falada característica do interior de Minas para que não se tornasse caricato e assim atrapalhar o entendimento da mensagem principal do filme. Desta dorma busquei um texto coloquial e que buscasse a universalidade da mensagem sem caracterizá-la nesta ou naquela região e que facilitasse o entendimento das crianças.

Outra parte importante com relação as personagens e a estrutura dramática do filme é que no começo não ficará claro que Maria, persongem que é a mãe de Bornata e avó de Camila e Vinícius seja a mesma pessoa que está contando a história. Esta revelação se dará apenas no final, quando vemos que a boneca de pano que é confeccionada no fim da história está no quarto das crianças já suja e desbotada pelo tempo, e é acariciada pela avó sob o olhar terno de Conceição. Então ficamos sabendo também que Conceição e Bornata são a mesma pessoa.

Já a mensagem no final da história, é uma pequena homenagem às tantas fábulas que ouvimos quando crianças e que sempre terminavam, além do clássico “e foram felizes para sempre” com a “moral da história”. Só que aqui, voltada não só para as crianças, mas também e principalmetne para os adultos.

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