terça-feira, 23 de julho de 2013

A série de internet ‘House Of Cards’ faz história ao ser indicada ao Emmy



House of Cards, da Netflix, fez história. Acaba de ser indicada a nove prêmios Emmy, incluindo as categorias série dramática e melhor ator (Kevin Spacey). É a primeira vez que isso acontece com um seriado transmitido pela Internet — e um sinal claro da revolução que acontece na indústria do entretenimento. O futuro já chegou e ele não é mais como era antigamente.

A Netflix não fica em Los Angeles ou Nova York, onde estão os estúdios de TV, mas no Silicon Valley. Ainda arrematou mais três indicações para a comédia Arrested Development. “Certamente marca o começo de uma nova era”, diz Tim Brooks, um historiador e ex-executivo de TV.

A Netflix mirou numa audência que queria assistir seu programa preferido a qualquer hora, em qualquer lugar e do jeito que quisesse, pela net. Os 13 episódios foram postos no ar simultaneamente, rompendo com o modelo que o CEO da empresa chamou de “administração da ansiedade” das TVs a cabo ou abertas.

House of Cards é um retrato cruel e fiel da política e, mais amplamente, das relações humanas. Adaptada de um seriado da BBC e inspirada em duas tragédias de Shakespeare (Ricardo III e McBeth), tem Spacey no papel de Frank Underwood, um mercenário do Partido Democrata. Claire (Robin Wright) é sua senhora. Frank foi fundamental na eleição do presidente. Esperava ser recompensado com o cargo de secretário de defesa. Ao ser preterido, jura vingança eterna – e passa o tempo manipulando, mentindo e montando dossiês para detonar o governo.

Frank se envolve com uma jovem jornalista chamada Zoe Barnes (Kate Mara), a quem alimenta com denúncias. Ela publica em seu blog. Estoura. Seu chefe velha guarda, que odeia a internet e vive em negação de que o jornal que dirige está indo para o buraco, a demite. Ela vai para um site inspirado no Huffington Post. O único personagem que inspira alguma compaixão é um deputado com um passado de drogas, bebidas e prostituição. Ele trai sua base, que são os trabalhadores de um píer, e tenta se redimir. Naufraga esplendidamente.

Todo o elenco é incrível, mas Spacey está arrasador. Os momentos em que ele encara a câmera e faz comentários são engraçados, trágicos e sugerem uma intimidade com o espectador que, eventualmente, você preferiria não ter. “Não há descanso ou paz no céu ou no inferno. Apenas nós mesmos. Pequenos. Solitários. Esforçados. Lutando uns contra os outros. Eu rezo para mim mesmo – por mim mesmo”, diz Frank para a câmera.

Spacey, que também é produtor executivo da série, chegou a apresentá-la para grandes estúdios de televisão, que exigiram um piloto, sem muita fé no projeto. “As empresas de Internet estão indo muito bem produzindo conteúdo próprio. Estivemos em várias TVs. A Netflix foi a única a nos olhar nos olhos e acreditar em House of Cards de cara”, diz.

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