terça-feira, 11 de maio de 2010

Arte ou desarte? Uma reflexão sobre as artes vanguardistas

Bem, mais uma vez cheguei um pouco atrasado na discussão e para não correr o risco de ser repetitivo e também de mudar um pouco o foco da discussão (perdoa-me Roberta...) quero tentar aprofundar um pouco mais na questão do espectador e sua relação (ou deveria dizer função) dentro da obra de arte e das circunstâncias em que ela, a obra, está inserida no contexto dos autores citados no fórum.

Para começar a discussão, uma pequena transcrição de uma entrevista com Ferreira Gullar sobre o assunto do nosso fórum: “A arte moderna é de decadência, de cerebralismo, de sofisticação exaurida. O que a arte precisa é de paixão e não de cerebralismo. No contexto pretensioso desta arte moderna todos se acham gênios. O Leonardo da Vinci, quando pediram a ele uma escultura, realizou um estudo reunindo todos os escultores que admirava no passado. Hoje o sujeito enrola três tijolos com arame, manda para a Bienal e diz que é arte. Na Bienal de Veneza, eles aceitaram um açougueiro que tinha cortado uns pedaços de tubarão. Agora não é mais necessário aprendizagem artística. Nas bienais nós temos açougueiros, marceneiros, eletricistas...”

Os defensores de Duchamp alegam que a revolução promovida pelo artista francês se dá pelo fato de ele não ter se contentado em estimular apenas a visão, a admiração das imagens captadas pelos olhos, mas a troca intelectual do admirador com suas peças. Ao tirar um objeto comum do contexto usual e elevá-lo à categoria de arte, Duchamp anunciava ao mundo que a habilidade manual do artista já não bastava para definir uma obra. As peças prontas, os ready made, inauguravam a concepção de vanguarda contemporânea,da arte conceitual.

Mas o questionamento que quero colocar aqui é o seguinte: será que é a instituição que confere a legitimação de obra de arte? Para ilustrar esta indagação coloco outro trecha da entrevista de Gullar que fala sobre a obra parangolé de Oiticica: “Aí o Hélio botava a roupa em um passista e pedia para o cara rodar e falava que com isto ele estabelecia uma relação da forma com o espaço e a luz. É pura teoria. Qualquer objeto rodando mantém uma relação com o espaço e a luz.”

Desta forma, será que as experiências neoconcretitas e o próprio ready made simplificaram a ativiadade criativa artística de uma grande experiência estética para outra estritamente sensorial, jogando a responsabilidade de suas obras nas instituições ou simplismente para quem as vê mesmo que tenha que ser a visão deles, os artistas, e não a interpretação do espectador.

Além do mais, vejo uma contradição entre as obras de Duchamp e Smithson, já que o primeiro usa de materiais prontos, simples e que fazem parte do cotidiano e confere outro sentido para ele. Um sentido que ele, o autor e só ele, conhece. Já o artista da land art usa de seu conceito estético aplicado a natureza (que não é própria da manufatura humana, apesar da arte em si ser) para que o espectador tenha uma experiência fora da obra, para que ele olhe a sua volta e veja a beleza em sim e não forçar um conceito “guela abaixo” como dizemos no interior. E a contradição da comtemplação versus a institucionalização da arte.

E como dirai Glauber: “Estou aqui para complicar. Matéria para reflexão e não se fala mais nisso... Saravá pra todos!”

E para divertir, um curta que pra mim é uma crítica genial a todas as produções artísticas ditas vanguardistas de vanguarda modernas neocontemporâneas e etc... (desculpe pela brincadeira...). o video se chama “ Como fazer um curtametragem experimental cult e pseudo intelectual”.

O link é: http://www.youtube.com/watch?v=gQQPnYr9KY4 e Divirtam-se!

Acho que deveria ter indicado o video antes de escrever o texto...

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